quarta-feira, 11 de abril de 2012

Área desocupada da 901 Norte esquenta debates sobre o PPCUB

Suspeita
Palco de debates acalorados sobre a preservação do patrimônio tombado de Brasília, a área desocupada da quadra 901 Norte tem dividido opiniões a respeito de sua expansão. De acordo com a proposta do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), o local deverá ter uso predominantemente para hotéis (55%), mas também permitirá outras atividades complementares. Apesar da lei atual permitir a construção de edifícios com gabarito de apenas nove metros (o equivalente a três andares, contando com o térreo), o projeto de lei em análise aumenta este gabarito para 45 metros, o que abre brecha para a construção de prédios de até 15 andares. Mesmo com a recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) contrária ao projeto, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF (Sedhad) defende que a construção agregará valor a capital. Para o arquiteto urbanista Frederico Flósculo, no entanto, a situação reflete descompromisso do governo com o plano urbanístico desenvolvido para Brasília. O arquiteto acredita que, com o PPCUB, a capital atravessa o maior perigo da história da cidade. “Isso é a consagração do processo extenso de destruição de Brasília”, critica.

De acordo com o Secretário de Habitação, Geraldo Magela, a Sedhab está dialogando com o Iphan para chegar a um consenso. “Quando fizemos a proposta (para o Iphan) não era exatamente essa que ficou no PPCUB. Antes, o gabarito era de 65 metros e agregava exclusivamente hotéis”, explica. “O Iphan disse que não aprovava. Mas não foram as diretrizes, foi a proposta. O que ele não aprovou foi o projeto”, ressalta. Ainda segundo Magela, o Iphan já possui as diretrizes em mãos e está fazendo a devida avaliação. “Se o Iphan concordar com essas diretrizes, então podemos apresentar outros projetos”, conta. O secretário destaca que fez questão de colocar a proposta em aberto para que as pessoas que são contrárias possam apresentar pareceres alternativos. “Se o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), por exemplo, tiver posição diferente, ele pode apresentar outra ideia. Estamos pedindo até que as pessoas apresentem outras propostas mesmo”, afirma.

Em outubro do ano passado, o superintendente do Iphan, Alfredo Gastal, já havia deixado clara a posição do instituto com relação ao projeto da Sedhab. Segundo a conclusão do Iphan, a proposta fere a legislação do tombamento de Brasília. Procurado pela a reportagem do CorreioWeb, o Iphan alegou que não há nada novo a declarar sobre o assunto e que a expectativa é que seja mantido o local da forma como está previsto na lei. O instituto declarou ser inadmissível a altura que a Sedhab pretende permitir aos prédios, e esclareceu que futuras discussões sobre o tema poderão acontecer desde que as construções tenham estatura baixa.

O arquiteto Frederico Flósculo explica que a verticalização proposta na área é totalmente inadequada e danosa para Brasília e relembra a função inicial do local até então desocupado. “Aquele espaço estaria destinado ao serviço público, a algum órgão público de importância”, recorda. “A primeira coisa que deve ser colocada em análise é que o projeto desrespeita isso e estabelece a mudança de uso do local. O governo vai ficar sem espaço na área central de Brasília, para dar espaço a um conjunto arquitetônico sem o menor sentido e sem demanda de uso. A área será uma peça imensa de capital privado sem nenhum beneficio pra cidade”, opina.


Frederico vê o projeto como um golpe contra Brasília. “A cidade se mostra fraca, não sabe se defender. O GDF deveria dizer: ‘temos função de governo para colocar nessa quadra’, mas em vez disso representa o estado de corrupção urbana. Isso é a 901 Norte: gema de ouro da corrupção brasileira”, critica. Para o arquiteto, o PPCUB tem diretrizes mal fundamentadas e não transparece a participação da comunidade. “Francamente, como você tem um plano de preservação trazido com 25 anos de atraso e que não considera a participação da comunidade nas instâncias decisivas?”, indaga.

A revolta com as regras estabelecidas pelo PPCUB vão além. Frederico acredita que o plano é cego com relação à questão ambiental. “É tão tosco, chega a ser ridículo e risível. Esse PPCUB na verdade não passa de um plano de regularização imobiliário de vários crimes que já foram cometidos na cidade”, acusa. Ele lembra que não há nenhuma menção a respeito das áreas verdes das super quadras, como é o caso da 214 Norte. “Ela foi urbanizada por construções e incorporada inapropriadamente. Ela não é uma super quadra legitimamente. Árvore ali é quase zero”, observa. “O que o PPCUB diz com relações a coisas como essas? Nada! Ele não muda nada!”, indigna-se.

Um dos pontos mais polêmicos da minuta do PPCUB, a ocupação da 901 Norte esquenta o debate sobre a preservação de Brasília (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
Um dos pontos mais polêmicos da minuta do PPCUB, a ocupação da
901 Norte esquenta o debate sobre a preservação de Brasília
 Sobre a atuação do Iphan no caso da 901 Norte, o arquiteto se mostra decepcionado. “Eles não se opuseram à mudança do solo, fizeram posição precária. O problema é a pouca virilidade do Iphan e você tem que defender a cidade com virilidade. O Iphan não é claro, não é decisivo, a defesa apresentada por ele é fraca e entrega Brasília aos inimigos”, acredita. Frederico vai além e diz ainda que o instituto não merece a confiança da capital. “Com esse PPCUB estamos atravessando o maior perigo da história da cidade. Isso é a consagração do processo extenso de destruição de Brasília”, completa.

Na opinião do arquiteto, o que Brasília precisa é investir na educação dos valores urbanísticos da capital e mostrar para a população porque ela deve amar a cidade. “A própria população é desinformada, ela não sabe o que está defendendo. Vamos ficar que nem a população do Egito, que esqueceu os faraós, não tem mais razão para cultivar o passado, porque é distante e não faz mais parte de suas vidas”, compara. “Brasília podia dar exemplo de valores urbanísticos para o resto do Brasil”, conclui.

Vale lembrar que a Sedhab realizará no próximo dia 31, às 8h30, no Auditório I do Museu Nacional da República, a 3ª Audiência Pública para elaboração do PPCUB, que deverá prever, regular e qualificar, por exemplo, áreas de comércio e serviços, áreas do esporte, lazer e cultura, sistema viário, estacionamentos, áreas verdes, parques urbanos e habitação diversificada. A elaboração do Plano está prevista na Lei Orgânica do Distrito Federal, no Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) – Lei Complementar nº 803/2009 e na Portaria nº 299/204 (Iphan).

fonte: 11/04/2012
http://correiobraziliense.lugarcerto.com.br/app/noticia/ultimas/2012/03/29/interna_ultimas,45685/area-desocupada-da-901-norte-esquenta-debates-sobre-o-ppcub.shtml

DF recebe terras cedidas pela União

Distrito Federal ganha mais de 20 milhões de metros quadrados de terrenos. Áreas serão utilizadas para construção de um Centro de Treinamento da Polícia Civil, edificação de 5 mil habitações e ampliação de reserva ambiental

A União oficializou nesta terça-feira (3/4) a cessão e a doação de 24,5 milhões de metros quadrados a 17 cidades brasileiras, entre imóveis e terrenos. Ao Distrito Federal foram cedidos mais de 20 milhões de metros quadrados. As áreas serão destinadas a iniciativas e projetos de regularização fundiária, educação, saúde, desenvolvimento econômico e preservação ambiental, conforme a necessidade de cada localidade.

O governador em exercício, Tadeu Filippelli, esteve na solenidade de assinatura das portarias de cessão e doação, na tarde desta terça-feira (3/4), no Ministério do Planejamento. Para ele, a incorporação dos espaços representa um ganho inédito para o Distrito Federal.

“Esta destinação de terras possui importância de grande envergadura para o DF. Brasília ainda não tinha desfrutado plenamente do momento propício que o país vive desde o governo Lula. Sem dúvida, esta assinatura beneficiará não apenas os moradores da capital, mas todos os brasileiros”, destacou o governador em exercício.

Distrito Federal 
Mais de 18,8 milhões de metros quadrados cedidos estão na Região Administrativa de Sobradinho e serão incorporados à Reserva Biológica da Contagem, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A ampliação da área de preservação permitirá que 31 famílias permaneçam no local.

Em 911 mil metros quadrados, também em Sobradinho, haverá a construção de um Centro de Treinamento da Polícia Civil na Fazenda Sálvia. O local poderá ser usado por corporações de todo o país.

A Associação Pró-Morar do Movimento Vida de Samambaia (AMMVS) receberá 1,3 milhão de metros quadrados no Riacho Fundo II. No local, está prevista a edificação de mais de 5,1 mil habitações de programas dos governos federal e do Distrito Federal. A Associação representa 207 entidades do movimento social de habitação do DF e foi a responsável pela elaboração e licenciamento dos projetos urbanístico e ambiental.

Pelo contrato, caberá ao GDF a seleção das famílias com base nos critérios da política habitacional e a implantação de infraestrutura urbana. Os lotes serão comercializados pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). Já a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), que fez a doação das terras, entregará os títulos às famílias.


Divisão

Dos 24,5 milhões de metros quadrados cedidos e doados pela União, 19 milhões serão destinados à regularização fundiária, 2,2 milhões para educação, 1,4 milhões para o Programa Minha Casa, Minha Vida, 1 milhão para a área social, 1 milhão para desenvolvimento econômico e 900 mil para preservação ambiental.

Segundo a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, as terras vão ser aproveitadas de forma mais eficiente. “Não tem sentido o governo federal ficar com áreas não utilizadas ou subutilizadas se podemos usá-las para benefícios como a construção de uma casa, de uma unidade de saúde, de educação, ou ainda para o desenvolvimento das economias locais”, justificou a ministra, acrescentando que a União seguirá com uma política ostensiva de utilização das áreas públicas federais por meio da Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

Também estiveram presentes à solenidade de assinatura o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Geraldo Magela; o presidente da Terracap, Luís Antônio Reis; a secretária-adjunta de Patrimônio da União, Maria Rosa Lazinho; o secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins; e a diretora do ICMBio, Silvana Canuto Medeiros; além de parlamentares, prefeitos, representantes de universidades e outras autoridades.

Cidades beneficiadas 

Além das cidades de Sobradinho e Riacho Fundo, no Distrito Federal, os seguintes municípios receberão terrenos da União: Camaçari (BA), Livramento de Nossa Senhora (BA), Areia (PB), Angicos (RN), Mandaguaçu (PR), Maringá (PR), Novo Hamburgo (RS), Cerro Largo (RS), Santo Ângelo (RS), Florianópolis (SC), Guarapari (ES), Caeté (MG), Belo Horizonte (MG), Carangola (MG) e Rio de Janeiro (RJ).

Fonte: 11/04/2012
http://correiobraziliense.lugarcerto.com.br/app/noticia/ultimas/2012/04/04/interna_ultimas,45708/df-recebe-terras-cedidas-pela-uniao.shtml