segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mudança na caderneta de poupança favorece negociações no setor imobiliário


Na contramão das crises econômicas atuais vividas por vários países europeus, o Brasil apresenta sinais de confiança na política monetária nacional. Com o recente anúncio do governo sobre a mudança das regras da caderneta de poupança, os envolvidos com financiamentos habitacionais também devem se beneficiar. Entenda como funciona a portabilidade de créditos imobiliários e como as novas medidas poderão afetar seu bolso na hora de investir em um imóvel.

De acordo com o Ministério da Fazenda, apesar de não haver relação direta entre alteração na remuneração dos novos depósitos de poupança e a redução nas taxas de juros dos financiamentos habitacionais já existentes, pode-se entender que com a eventual queda das taxas de juros da economia, inevitavelmente, há a possibilidade de instituições quererem financiar imóveis a taxas menores do que as dos contratos já firmados. Neste caso, os mutuários interessados em aproveitar as novas taxas podem fazer a portabilidade – respaldada por lei, em vigor desde 2006 - de sua operação bancária para outra instituição.

De acordo com o economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli, atualmente, a pessoa interessada em fazer a portabilidade precisa apenas se dirigir a instituição e pedir que a transição seja feita. No entanto, o economista alerta: “É verdade que o banco faz corpo mole e fica tentando segurar o cliente, mas é preciso manifestar firmemente sua intenção”. Piscitelli recomenda que se a transferência não for feita, o mutuário deve procurar os órgãos responsáveis pela defesa do consumidor para fazer uma denúncia dessa instituição e cobrar seus direitos. “Mas não há razão para o banco não fazer a transferência. A não ser, é claro, que você queira fazer a portabilidade para um banco que não tenha essa modalidade de operação”, explica. 

Ainda segundo o economista, com o aumento da concorrência entre os bancos nos últimos anos, já é possível encontrar diferenças de ofertas. “Essa é uma das intenções ao colocar essa nova política monetária e de crédito. Bancos têm mais condição de concorrer hoje. Se os privados não forem mais agressivos vão perder fatias crescentes do mercado”, ressalta. Para Piscitelli, é imprescindível que as instituições privadas ofereçam opções vantajosas de financiamento e taxas de juros, pois a tendência é que as pessoas migrem para os bancos públicos.

O economista destaca que, mesmo com a intenção de fazer a portabilidade, é preciso ter paciência e ficar atento a todas as oportunidades do mercado. “Igual quando você vai comprar um eletrodoméstico ou qualquer produto, você vai querer fazer uma pesquisa de mercado para ver qual é mais vantajoso. O ideal é conversar com duas ou três instituições diferentes”, aconselha. No mais, Piscitelli acredita que com a portabilidade em alta os clientes tendem a se beneficiar, já que com isso os bancos terão que se preocupar em agradá-los cada vez mais.

Para o vice-presidente de Comunicação e Marketing do Sindicato da Habitação do Distrito Federal (SecoviI/DF), Gilvan João da Silva, apesar da conveniência proporcionada pela portabilidade, o caminho mais eficaz para conseguir melhores oportunidades de mercado é tentar repactuar isso no próprio banco em que o imóvel foi financiado. “Ele [o banco] já te conhece, entende seu perfil e suas necessidades”, opina. 

Silva ressalta que é preciso que os mutuários estejam atentos ao custo financeiro da possível troca de instituições. “Quando você faz isso existem custos administrativos. O banco pode cobrar tarifa para fazer a operação e custo de registro também. Além disso, depois que a operação é concluída no banco, tem que ser feita alteração no registro de imóveis”, lembra. O principal é colocar na balança os gastos que você terá com a portabilidade e se eles valerão a pena quando postos em comparação ao atual plano em que você se encontra.

Novas medidas

O economista e professor Roberto Piscitelli não vê necessidade do recente anúncio do governo sobre estudar novas regras para facilitar portabilidade do crédito imobiliário. “Não vejo a primeira vista a necessidade de normas adicionais, tem que cumprir a legislação que já existe e permite que essa operação seja realizada. Normalmente o que se percebe é que cada banco tem normas de regimento interno. Então, de acordo com as políticas de cada instituição isso será firmado”, explica. No entanto, para Gilvan João da Silva, é preciso entender que a portabilidade existia antes, mas sem o destaque atual. “Nem sempre havia boa vontade dos agentes financeiros de fazer isso”, observa. “Essas medidas nem sempre tem efeito rápido. No mercado imobiliário, as movimentações são lentas e você só começa a sentir o efeito delas com mais de um ano de implementação”, avalia.

fonte: 21/05/2012
http://correiobraziliense.lugarcerto.com.br/app/noticia/ultimas/2012/05/18/interna_ultimas,45828/mudanca-na-caderneta-de-poupanca-favorece-negociacoes-no-setor-imobiliario.shtml

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